“De todos os crimes que o homem pode cometer contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam particularmente perverso e abominável.” - João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 58.
A igreja católica demonstra sua fidelidade à palavra de Deus que defende a vida, sendo assim o aborto uma afronta direta ao quinto mandamento – “Não matarás”.
O aborto é um assunto vastamente discutido pela sociedade, o governo e a igreja e freqüentemente tema de muitos debates em conferências.
Fortemente debatido pela igreja, tal assunto tomou força em 5 de setembro de 1994, quando a ONU, em uma conferência mundial sobre População e Desenvolvimento, na cidade do Cairo (Egito), afirmou um documento que garantinha à humanidade o direito de um melhor padrão de dignidade e qualidade de vida, contudo, nesse documento, o aborto, tratado como método de planejamento familiar, tornou-se o centro das atenções e questionamentos, gerando muita polêmica. Na época a igreja se manifestou totalmente contrária ao aborto durante a conferência do Cairo, mantendo essa posição durante toda sua história.
Para a igreja o maior dom que Deus concedeu aos homens é a Vida, por isso torna-se inadmissível que um cristão seja favorável ao aborto.
Ao contrário do que pregam os defensores do aborto, não é de hoje que a igreja condena o aborto. Trata-se de preceitos bíblicos. O mais antigo catecismo usado pelos cristãos, a Didaqué, escrito no final do século I d.C expressa claramente – “Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha nascido”.
Muitos defendem que a mulher tem o direito sobre o seu corpo, decidindo como quiser sobre ele, porém a igreja levanta um questionamento sobre essa afirmação – Será que o bebê que está naquele ventre faz parte do corpo da mãe? Ora, todos sabem que o embrião ou feto não é um órgão da mãe, mas sim um outro ser humano.
Para as mulheres que não desejam criar o filho, a igreja aconselha a entregá-lo para a adoção, pois são muitos os casais que não podem gerar filhos.
No Brasil, somente em casos específicos e sempre levando em conta o poder da bancada parlamenta religiosa, o aborto é legalizado. Porém sempre sob muita polêmica.
A sociedade brasileira tem discutido muito sobre um possível aumento no número de hipóteses para a realização do aborto legalizado, ao ponto do ministro da saúde José Carlos Temporão ter proposto a realização de um plebiscito sobre o assunto.
Aos olhos da igreja isso seria uma brecha para o aumento dos abortos. É comum, as pessoas apelarem por qualquer motivo para o aborto. Quando se sabem que o feto possui alguma enfermidade que o levará à morte assim que for concebido os pais optam pelo aborto, não esperam por uma providência Divina. É bom lembrar que muitas crianças no Brasil morrem por falta de transplante de órgão do tamanho que precisam. Uma criança que morre logo após o parto pode doar seus órgãos para crianças com até quatro anos.
Um dos últimos acontecimentos a cerca do assunto foi a menina de nove anos que sofria abusos sexuais do padrasto, engravidou de gêmeos e foi submetida a um aborto em Recife.
Inocente e sem saber ao certo o a estava acontecendo com o seu corpo, a menina, grávida de gêmeos e na 16ª semana de gestação, teve seu destino decido em um tribunal. A legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro até a 20ª semana de gestação.
De acordo com o laudo médico, o corpo da menina não teria condições de gerar duas crianças, afinal a mesma ainda era uma criança. Com o consentimento da mãe, a justiça delegou a favor do aborto e no dia 22 de março o ato foi consumado.
Os médicos relataram que uma criança de 1,33m, 36kg, que seria o caso da menina de nove anos, ainda esta com o seu corpo em formação e por isso uma gravidez nessas condições seria de alto risco. A menina já apresentava outras complicações por causa da gravidez e uma intervenção médica seria emergencial nesse caso.
O arcebispo Dom José Cardoso Sobrinho de Alagoinha, em Pernambuco, representando no momento a posição da Igreja, condenou a decisão da justiça e criticando ferrenhamente os envolvidos no aborto, excomungou os médicos e a mãe da menina.
A Igreja Católica, nesse caso, tinha expectativa de que a gravidez da criança fosse mantida. O arcebispo tentou convencer os pais da menina a rever o aborto, sem muito sucesso.
O aborto realizado na menina teve grande repercussão em todo o Brasil gerando polemicas e debates e obtendo atenção direta do Vaticano.