As principais notícias do Distrito Federal nos telejornais locais da Globo

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

40 anos do Jornal Nacional - Uma análise do padrão de qualidade do perfil de seus apresentadores.

Por Elisabeth Mota

e Rosane Tomaz


A caracterização indica. Põe em relevo o caráter, ou seja, distingue a virtude que o caracterizam. É descrever notando as características, de acordo com o dicionário online de português. Segundo o dicionário Houaiss 2004, significa 1 evidenciar, destacar as características (de), distinguir (-se); 2 preparar (-se) [ator] para encarnar um personagem . A caracterização é a forma de destrinchar as atribuições físicas e psicológicas originais ou fictícias de uma pessoa, empresa, equipe ou qualquer coisa, material ou imaterial, atuante no indivíduo e na sociedade.

A caracterização social distingue as pessoas, força-as a buscarem uma identidade, um grupo. Em todos os segmentos as particularidades distanciam ou as unem por características profissionais, afetivas, de caráter, de personalidade. No meio jornalístico não é diferente, as emissoras procuram manter a identidade no seu telejornalismo com a finalidade de obter e fidelizar os telespectadores. Da transmissão das notícias à opinião jornalística, tudo conta com as características de cada instituição e são essas características capazes de invadirem a rotina das pessoas.

A importância da caracterização no jornalismo

O jornal televisivo conta histórias através de textos e imagens. Para passar a mensagem de uma notícia e ser bem compreendido o apresentador e o público devem estar na mesma sintonia. Essa sintonia é imprescindível para que o programa tenha sucesso em audiência, pois nada adiantaria apenas repassar as informações, dessa forma todos os folhetins teriam a mesma cara e, conseqüentemente, o mesmo público.

Na sociedade heterogênea que compõe o Brasil, seja de raça, credo ou ética, não é surpresa a existência de tantas emissoras e tantos telejornais. Como em todo o mundo, as diversidades exigem linguagens e comportamentos compatíveis aos seus, inclusive do segmento jornalístico. As pessoas necessitadas de informação buscam-na com intimidade. É a confiabilidade que norteia essas relações e é assim que o telespectador procura seu jornal diário.

O atributo capaz de fidelizar o público vai muito além da veracidade dos fatos. Para a audiência do jornal sensacionalista -sem o compromisso com a verdade dos fatos- a ética dela é a exploração exaustiva do assunto. Há quem prefira apenas a notícia em sua realidade, independentemente, da sua repercussão; e aqueles que gostam da opinião do jornalista, ou emissora. Assim como existem no mercado revistas do mesmo gênero e público diverso, acontece o mesmo fenômeno com os telejornais, seja pela simpatia dos apresentadores, o tipo de linguagem ou abordagem das matérias, o telespectador quer a identidade com o programa assistido.

O motivo que leva o telespectador a ligar seu televisor, no mesmo canal e no mesmo horário todos os dias e não aleatoriamente, é a intimidade com que ambos se relacionam. O programa televisivo de atuação nacional, como é o caso do Jornal Nacional, mostra os fatos de maior importância no Brasil e no mundo, sendo esse um motivo evidente da grande audiência do programa. Entretanto, sua notoriedade e preferência são enfatizadas pela identificação entre público e o jornal.

É visível a preferência jornalística no público brasileiro ao falarmos do Jornal Nacional, a maior audiência do segmento é assistido por 48 % da população adulta, de segunda a sábado a partir das 20 horas. O desenvolvimento sofrido ao longo de quarenta anos de existência o trouxe a um formato inédito capaz de adquirir seguidores de todas as idades, sexo, religião, enfim todos os representantes nacionais e internacionais da população.

A importância da caracterização no Jornal Nacional

Diferentemente do que já existia em assunto de programas jornalísticos, o Jornal Nacional nasceu com a finalidade de propor um novo tipo de jornalismo. Enquanto os programas da época apenas apresentavam notícias em palavras e, algumas vezes, com debate entre seus âncoras, o jornalista Roberto Marinho desejava passar a veracidade dos fatos, ele tinha a convicção que e a tarefa do jornal era oferecer ao leitor as informações relevantes para que ele mesmo formasse suas próprias opiniões.

O objeto do estudo do trabalho sobre a padronização do perfil dos seus apresentadores analisada em quarenta anos de existência do programa, mostrará, nas análises, como ocorreu a fidelização do público através dos apresentadores do jornal durante sua existência e como ainda briga para recrutar novos telespectadores e manter os já existentes. As evidências dessa teoria foram embasadas, especialmente, no livro em comemoração aos trinta e cinco anos do noticiário, Jornal Nacional a notícia faz história e no livro Jornal Nacional modo de fazer escrito por Willian Bonner.

Ainda foram selecionadas outras fontes descritas na revisão bibliográfica e as que mais se fazerem necessárias no desenvolvimento do assunto.

O papel do JN no jornalismo nacional

Antes do surgimento do JN, em 1969, a rede Globo já possuía outros telejornais A Noite fundado em 1911 e O Globo datado de 1925, ambos criados por Irineu Marinho. Eles serviram de inspiração para o modelo do noticiário fundado por seu filho, o jornalista Roberto Marinho. Porém, o descendente idealizava o jornalismo que abandonasse o modelo radiofônico de discussão pseudo-intelectual entre seus apresentadores. O jornalista aspirava a um jornalismo voltado para a notícia e desejava passá-la com veracidade e imparcialidade transmitida em rede para todo o país.

O projeto de nacionalização das notícias trouxe benefícios e mudanças nas formas de informar o telespectador. O que antes era regionalizado, inclusive nos jornais da Globo, estruturou-se fisicamente e buscou padrões que atendesse ao Brasil de norte a sul. A sede da empresa era no Rio de Janeiro, mas o público tinha, e tem que sentir a abrangência da informação de forma que qualquer indivíduo do país sinta-se interessado pelas reportagens. Mesmo que a notícia relevante se refira à cidade carioca, o interesse deve ser gerado às comunidades mais afastadas.

A vontade de unir o país à frente da televisão transformou todo o jornalismo brasileiro. A Globo avançava com o diferencial do JN e as outras emissoras foram obrigadas a acompanhar sua projeção entretanto, com menos audácia. Durante o processo de implementação do empreendimento, existiu a caracterização tanto de quem apresentava quanto daqueles que trabalhavam atrás das câmeras. A postura tomada pela informação correta trouxe o paradigma construído na pessoa do âncora e na atração jornalística. Evoluíram as palavras, as vestes, o posicionamento, todo o possível para montar o padrão de qualidade de seus apresentadores e do próprio programa

Os planos de Roberto Marinho era que o seu programa se tornasse uma referência em telejornalismo. O JN deveria mostrar o Brasil e o mundo através da tela. “O Brasil vivo aí na sua casa”, entoado por Cid Moreira, denotava a idéia do seu mentor. “A televisão era próxima, coloquial, diferente do rádio, onde o narrador se exaltava, falava mais alto, como se procurasse o ouvinte por todos os cantos da casa”, ZAHAR, 2004. A televisão possibilitou a interação entre seus interlocutores e, através do jornal em rede, entre os telespectadores de todo o país.

Fatos que marcaram as características dos profissionais

As análises feitas através dos fatos mostram os problemas físicos e de pessoas, as idéias, as divergências, o tipo de equipamento e técnica aplicada a cada reportagem e o que isso influenciou na percepção dos telespectadores, os acontecimentos na visão do idealizador do JN e a própria visão do jornal. Os fatos descritos abaixo são uma prévia do que será abordado profundamente na produção do trabalho.

O formato do noticiário revolucionou o jornalismo e provocou o mau-entendimento de seus próprios diretores. A comparação com outros telejornais mostrava a dinâmica da Globo em qualidade e não quantidade, como costumava-se fazer na concorrência da época, o editor Jorge Zahar explicou que eles estavam fazendo uma revolução na linguagem televisiva. E realmente as modificações realizadas pelo núcleo de jornalismo da Globo acostumaram o público a uma nova realidade, a da palavra em imagens. Para que isso acontecesse era necessária a liberdade de criação de seus funcionários e o apoio às reportagens capazes de garantir a audiência e o primeiro lugar na preferência dos telespectadores.

Para o JN já ter sucesso desde o início a empresa de televisão investiu nos melhores profissionais, buscou idéias no jornalismo internacional e apelou às necessidades do povo brasileiro. Como no episódio das enchentes de 1966 em que a Globo promoveu a campanha comunitária para doações aos desabrigados da enchente. O serviço de utilidade pública proporcionou a notoriedade nos dizeres de ZAHAR 2004.

[...] Os estúdios do Jardim Botânico foram transformados em central de recolhimento de doações para os desabrigados. Já no primeiro dia, não havia lugar para armazenar as toneladas de remédios, mantimentos e cobertores que chegavam. Com a cobertura da enchente, a TV Globo, que desde a estréia apresentava baixos índices de audiência, conquistou o Rio de Janeiro. Ao se transformar na voz que lutava pela recuperação da cidade, a emissora ganhou de vez a simpatia da população carioca, conseguindo um espaço até então dividido pela TV Tupi, a TV Rio e a TV Excelsior.

Essa forma de chamar a atenção da população veiculou a Globo à sociedade, ela assumiu nesse momento a posição de defensora da população brasileira. Posição essa que não foi favorável, pois a imparcialidade jornalística foi respeitada no caso das “Diretas já” onde a emissora foi hostilizada pelos manifestantes da Praça da Sé (fato a ser analisado posteriormente), por não ter defendido os interesses dos habitantes do Brasil.

O fato demonstrado acima mostra vários pontos da caracterização do jornal, da escolha dos profissionais à transmissão de uma tragédia, perceberam-se as carências, pessoais dos apresentadores e de transmissão, em ganhar a confiança do público. O apelo aproximou as pessoas e comoveu o público, mas mostrou que campanhas tiram a imparcialidade da notícia. O aprendizado desse ponto essencial aos planos de Roberto Marinho em não formar opinião, mostra que as diretrizes de conduta firmadas por ele são respeitadas, porém não tiram a liberdade de criação dos repórteres e âncoras.

Embora existam regras comportamentais e éticas o jornalismo da Globo prima pela veiculação da notícia correta. Outra característica importante foi a audácia dos repórteres da década de 1960, que levou-os a serem convidados a depor pelo Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) e o próprio Roberto Marinho os acompanhou até a delegacia para garantir a integridade de seus servidores.. “Houve um período em que as pessoas iam prestar depoimento e não voltavam. Então a gente ia ao local só para a polícia saber que a Globo estava lá” ZAHAR 2004. O JN nasceu depois da instituição do Ato Institucional número 5 e a censura sobre os meios de comunicação era intensa. Embora conseguissem informações em primeira mão só poderiam relatá-las após autorização. A presença da Globo na porta do departamento de polícia era constante, muitas vezes as matérias não iam ao ar, mas a cobertura era realizada e qualquer falha do Exército podia ser a chance de publicar a notícia. Na ânsia de censurar a força armada se tornava fonte de informação para a imprensa e os jornalistas procuravam outros caminhos para conseguir veicular a notícia.

A liberdade e a audácia, unidas ao trabalho em equipe renderam à emissoras matérias de grande repercussão política e econômica. Fatos esses capazes de atribuírem à Globo, na visão da sociedade, o título de cidadã brasileira, no sentido de ser igual a qualquer indivíduo do país. Porém, motivos como a imparcialidade, o matiz ideológico da emissora e os limites militares do período ditatorial, deram outro rumo à vida da emissora, quando pensava-se ser integrada às famílias a história a colocou no seu devido lugar, a de informante. Como qualquer meio de comunicação deve ser.

Sejam positivos ou negativos, os pontos em questão fizeram do JN o noticiário mais visto no Brasil. É nesse sentido que pretendemos analisar o perfil atingido pelos sete âncoras do programa e como os repórteres, os fatos e acontecimentos do Brasil e do mundo contribuíram para o aprimoramento dos apresentadores e do próprio noticiário, pois antes de ter o sucesso e ser referência de credibilidade o JN atravessou momentos importantes e decisivos alternados em glórias, aprendizados e fracassos importantes para ocupar o primeiro lugar em audiência e conquistar os prêmios nacionais e internacionais que possui.

O que é e como funciona o JN

A sincronia entre os apresentadores do JN e os telespectadores influi sobre o comportamento e ou crescimento da população brasileira. Certamente, a maioria dessas pessoas que assistem o telejornal, tiveram um momento marcado em suas memórias, de um fato noticiado pelo Jornal Nacional.

O Jornal Nacional é um programa jornalístico de televisão que apresenta singularidades com os jornais impressos, programas jornalísticos de rádio, alguns sites da internet que sejam voltados para notícias e em partes, revistas semanais de informação, abordando temas com uma linguagem apropriada, com textos claros e limpos, de compreensão rápida e fácil e com imagens que elevam e prendem o interesse do seu público alvo.

Em jornalismo, o furo de reportagem atrai todas as atenções porque é escasso, valioso e ostensivo e é isso que o JN busca como veículo de notícia, essa é uma das suas características e a caracterização do perfil de seus apresentadores evidencia essas peculiaridades, tendo como principal objetivo mostrar aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no Mundo. O JN é a Ferrari reluzente, goste o telespectador do jornal ou não, porque é um símbolo de confiabilidade e seriedade que seus apresentadores transmitem ao apresentarem o noticiário.

[...] o JN procurou antecipar, aos telespectadores, os assuntos que seriam destacados na primeira página dos principais jornais impressos do dia seguinte. Como a avaliação daquilo que é notícia ou não tem lá sua dose de subjetividade, sempre pareceu razoável, para os profissionais de jornalismo da televisão, usar os jornais do dia seguinte como referência: quanto mais coincidências de temas houver entre o JN de ontem e a primeira página dos maiores jornais brasileiros de hoje, mais perto teremos chegado de atingir o objetivo de mostrar o que de mais importante havia em termos de notícias. [...] Jornal Nacional: Modo de fazer, 2009.

A funcionalidade do JN se dá pela estrutura verdadeiramente sólida que foi formada ao longo desses 40 anos de jornalismo. Com 121 emissoras bem distribuídas, numa malha complexa, o telespectador terá informações de cada canto do Brasil trazidas por profissionais da região mostrada, além dos correspondentes internacionais.

Um trecho do depoimento do repórter Edney Silvestre ao Memória Globo demonstra essa elasticidade do JN em alcançar os fatos. Edney morava em Nova York e era um dos correspondentes no escritório de lá no dia 11 de setembro de 2001.

[...] Eu e o Orlando Moreira [repórter cinematográfico radicado há mais de 30 anos em Nova York] Fomos para a área de atentado. E, como se pode imaginar, a situação era completamente caótica. Dentro daquela área havia muita fumaça. Não se enxergava nada. Você não sabia muito bem onde você estava. A polícia não queria deixar que a gente passasse, nem de um lado nem do outro, porque, obviamente, a cena era terrível. Várias pessoas saltaram, porque com o calor de mil graus, elas não conseguiam ficar pisando no chão. [...]

Essa estrutura sólida engloba todos os avanços tecnológicos de comunicação, equipes potencialmente completas do JN em todo o Brasil e nos mínimos detalhes, tanto do maquiador, que faz o seu trabalho a dez minutos do início do JN quanto à concentração de seus apresentadores para entrar no ar. Salientando as mudanças que foram realizadas dentro desses 40 anos de JN para que seus apresentadores chegassem a esse padrão de qualidade.

De forma sucinta o livro JN Jornal Nacional – Modo de Fazer, 2009 decorre como é o dia a dia, do telejornal de maior audiência do Brasil, passando por todos os pontos da produção e transmissão da notícia.

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" Helen Keller "

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